Stand by me

Sentou-se sobre o pequeno banco de madeira. Ajeitou a volumosa e branca barba. Ajeitá-la significava penteá-la com os dedos. Colocou os fones de um jeito subversivo. A tiara dos fones que normalmente fica por cima da cabeça ou atrás dela, na nuca, ficou para frente, embaixo do gogó, prendendo os alto-falantes de cabeça pra baixo nas orelhas. Abriu os olhos, tinham uma cor desbotada, como se uma fina camada branca cobrisse a retina, uma espécie de cortina transparente. Olhou pra frente, nada viu. Abriu a boca e cantou. Sorria enquanto soltava os versos.  Grandpa Elliot mora em New Orleans, Lousiana. Um típico bluesman. Negro, feições “folks”, voz grave. Talento absolutamente admirável. É esse tipo de gente que me agrada. Gente negra. Gente pobre. Gente que vê com o coração, sente com a voz e encanta com o olhar, ainda que não enxergue a luz do dia e sequer possa olhar no olho da gente. E é pra esse tipo de gente que eu digo, stand by me.

Um pensamento sobre “Stand by me

  1. Michele disse:

    Hoje pela manhã acordo, faço minhas lidas da casa e vejo la fora o dia cinzento…não gosto….abro meus emails e recebo este presente de video e revejo ele com um grande prazer que ate ja modificou meu olhar sobre o dia.
    Grande video e excelente texto.
    Concordo em genero, numero e grau….
    Beijos da tua colega e amiga.
    Michele

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